O UNIVERSO ANTES DO BIG BANG

O Universo antes do Big Bangsetembro/2022 – Por Oduvaldo Mansani de Mello
O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis,
a existência e a natureza do Mundo Espiritual e suas relações com o Mundo Material.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. I, item 5

A Física Quântica já desmistificou a matéria, avançando gloriosamente para a energia,
alcançando as tecelagens sutis do Espírito, que é o princípio inteligente do Universo,
quase conseguindo identificar o mundo causal de onde tudo procede.
Joanna de Ângelis/Divaldo Pereira Franco/Dias gloriosos, cap. 1

Quando o homem se pergunta: Quem sou eu?, De onde vim? e Para onde vou?, não obtém respostas convincentes às suas dúvidas existenciais.

Percebe-se inserido em um Universo que, na maioria das vezes, não consegue compreender e muito menos explicar, por mais que procure se informar.

Procura a ciência – a forma metodizada e confiável para se entender a natureza, a qual, isoladamente, não resolve suas angústias; e a religião, respaldando-se na fé, dá respostas que fortalecem a esperança, mas não atendem às súplicas da razão.

Unindo-se as duas, todavia, tudo parece ficar mais claro, pois se a religião fala da gênese do Universo, a ciência mostra como chegar até ela, pois se não soubermos de onde viemos, jamais saberemos quem somos.

Assim, inserido nesse Universo, o homem, sentindo-se ao mesmo tempo observador e observado, compondo-se na realidade das suas relações existenciais, constata a sua própria singularidade, conscientizando-se, então, da sua trajetória na matéria, sem se desconectar da sua jornada cósmica, e se dá conta que é capaz de refletir com objetividade sobre como é o mundo porque, de alguma forma, faz parte dele.

Foi nesse contexto que, em 1927, o sacerdote católico e astrofísico belga Georges Lemaître (1894-1966) apresentou a sua Teoria do Átomo Primordial, apelidada de Big Bang, sugerindo que o Universo teria nascido de uma suposta explosão, ocorrida há cerca de 13,8 bilhões de anos, que contemplava as hipóteses de um Universo aberto, de um Universo plano, ou de um Universo fechado, com este último retornando ao átomo primordial: o hidrogênio, teoria essa fortalecida pelo físico e cosmólogo ucraniano, naturalizado norte-americano, George Gamow (1904-1968), na década de 40, e confirmada pela Radiação Cósmica de Fundo, de Arno Allan Penzias (1933- ) e Robert Woodrow Wilson (1936- ), em 1965.

Em seus primeiros momentos, essa teoria de Lemaître não obteve respaldo dos cientistas da época, sendo um pouco mais tarde aceita pelo Papa Pio XII (1876-1958), por entender que se o Universo teve um início é porque foi criado, então teria que existir um Criador: Deus.

Historicamente, o homem sempre se limitou a um planeta, a um sistema solar, a uma galáxia ou a um Universo, limites que não passam de uma descrição parcial da realidade.

Auspiciosamente, a Humanidade hoje dispõe de um conjunto de quatro leis como pontos importantes para se perceber como a natureza funciona: a Teoria da Relatividade para o macrocosmo, a Física Quântica para o microcosmo, que são complementares e não antagônicas, pois enquanto a primeira se dedica à compreensão daquilo que funciona abaixo da velocidade da luz (local), a segunda explica o que existe acima da velocidade da luz (não-local), fora do espaço-tempo. Por isso sugere-se chamá-la de Física Multidimensional, por razões óbvias.

Embora o enorme sucesso ao explorar o espaço universal, em mais de um século de sua existência, a cosmologia moderna ainda não conseguiu efetivamente saber do que é feito o Universo e dele só conhece 5%, já que 95% recebem as denominações provisórias de matéria escura e energia escura, das quais, embora seus efeitos sejam percebidos, as causas ainda são desconhecidas, talvez pela ciência não considerar informação relevante como a mencionada a seguir:

Deus não é o Criador, mas a mente do Universo. – Erich Jantsch (1929-1980), astrofísico americano.

Nesse mesmo sentido, pode-se inferir, também, que a ciência não conhece bastante, mas chegará lá se quiser caminhar com o Espiritismo, a terceira lei, pois é chegada a hora dele ocupar o seu lugar entre os conhecimentos humanos.

Uma nova postura cosmológica poderá abrir espaço para novos horizontes e levar a ciência incluir em suas pesquisas as chamadas variáveis ocultas não-locais (acima da velocidade da luz), acolhendo a possibilidade da existência do Espírito e do Mundo Espiritual como hipóteses científicas válidas, partindo de colocações como a do físico americano David Bhom (1917-1992):

A ideia atual do universo pode representar algum estágio de um universo maior, um universo de luz. Até onde podemos perceber esse universo de luz é eterno. Entretanto, a certa altura, alguns desses raios luminosos se juntaram e produziram a grande explosão – o Big Bang. Isso desencadeou o nosso universo, que também terá um fim.1

Complementarmente, uma quarta lei, a Teoria das Cordas apresenta, também, uma hipótese bastante plausível para a existência do nosso Universo: com o Big Bang três dimensões espaciais e uma dimensão temporal se desdobraram e expandiram até as proporções atuais, com as demais dimensões permanecendo pequenas e recurvadas na distância de Planck (10-33cm), tamanho abaixo do qual a noção convencional de espaço se dissolve.

Assim, o nosso Universo pode ser infinito somente para o homem, porque no microcosmo do universo-matéria, fora do espaço-tempo, há um outro mundo, este sim infinito de verdade2, um mundo que interpenetra o nosso e com ele se confunde, composto pela mesma matéria3, o Fluido Cósmico Universal, mas em outra dimensão: o Mundo Espiritual, ou dos Espíritos.

Esse Mundo Espiritual é o único legítimo e eterno, o Mundo Material poderia deixar de existir ou nunca ter existido, sem alterar a essência desse mundo espiritual.4

Felizmente, para uma melhor abordagem dessa não-localidade, ou seja, fora do espaço-tempo, na qual existiriam frequências atômicas aquém do hidrogênio…, segundo André Luiz5, é que surgiu, no início do século XX, a Física Quântica, em virtude de a Física Clássica não conseguir explicar os eventos que acontecem fora do espaço-tempo, abaixo da escala de 10-10m (um angstrom).

Provavelmente, por essa razão é que Emmanuel nos lembra que o homem procura entender o Universo olhando do mundo material para o mundo espiritual, mas através de André Luiz deve estudá-lo do mundo espiritual para o mundo material, auxiliando na construção de novos tempos6 em um processo que a Física Quântica denomina de causação descendente, ou com os parâmetros do Método Dedutivo7 de René Descartes (1596-1650), usando uma forma empírica, lógica e racional, a mesma que Kardec utilizou.

Façamos isso!

Primeiramente, há que se considerar a existência de Deus como causa primeira de todas as coisas, materiais e imateriais, a causa de todas as causas, inferindo-se, por isso, que se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente tem uma causa inteligente, assim, como não existe efeito sem causa, todo efeito cuja causa não é o homem, lá está Deus.

Segundo Kardec, Deus criou o Princípio Espiritual e o Princípio Material, ambos oriundos de uma mesma essência imutável, desde toda a eternidade e ao mesmo tempo, cujas existências, por se tratar de verdades axiomáticas, não precisam de demonstração, pois se afirmam pelos seus efeitos.8

Esse Princípio Material, em seu estado de eterização ou de imponderabilidade, é o gerador do Mundo Invisível ou Espiritual9, que seria constituído de energias de alta potência, átomos de altíssima frequência e curtíssimo comprimento de onda, acima da velocidade da luz, fora do espaço-tempo, portanto, sendo ele a causa e origem do Mundo Material, pois, conforme retromencionado, esse Mundo Espiritual é o único legítimo e eterno.

Pondere-se, também, que Deus não age diretamente sobre a matéria10 pois quem faz isso são os Espíritos Puros, responsáveis por manter a ordem e a harmonia do Universo, coadjuvados pelos Espíritos das demais ordens, como cocriadores.

Da mesma forma, considere-se que nesse Universo a matéria, congregando milhões de vidas embrionárias, é também a condensação da energia, atendendo aos imperativos do “eu” que lhe preside à destinação. Do hidrogênio às mais complexas unidades atômicas, é o poder do espírito eterno a alavanca diretora de prótons, nêutrons e elétrons, na estrada infinita da vida11 sendo o elétron um dos corpúsculos-base da matéria elementar, o Fluido Cósmico Universal.

Segundo André Luiz, esse Fluido seria a origem de tudo, pois é o plasma divino, hausto do Criador ou força nervosa do Todo-Sábio. Nesse elemento primordial, vibram e vivem as constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano12.

Finalmente, as respostas para aquele homem que conduz seus pensamentos em ordem, seria a de que ele é um Espírito Imortal, veio do Mundo Espiritual e a ele retornará após a morte do seu corpo físico, pois pode estar no mundo, mas não ser do mundo.

Dessa forma, como queríamos demonstrar, poder-se-á entender que a existência do Mundo Espiritual, das causas, se mostra bastante plausível mediante a aplicação de metodologia científica, empírica, lógica e racional, repetindo, a mesma utilizada por Kardec.

Referências:

https://institutocreser.org/potencial-infinito-a-vida-e-as-ideias-de-david-bohm/ Acesso: 12 jul 2022
KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Rio de Janeiro: FEB 2005. 1, cap. Profissão de fé espírita raciocinada, item 13.
A Gênese. Os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2001. cap. VI, itens 10 e 17.
O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 1974. pt. 2, cap. I, q. 84 a 86.
XAVIER, Francisco Cândido. Evolução em Dois Mundos. Pelo Espírito André Luiz. Rio de Janeiro: FEB, 1977. pt. 1, cap. XIII, item Fluido vivo.
______. Nos Domínios da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. Brasília: FEB, 2015. Raios, Ondas, Médiuns, Mentes…
Método dedutivoé a modalidade de raciocínio lógico que faz uso da dedução para obter uma conclusão a respeito de determinadas
KARDEC, Allan. A Gênese. Os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2001. c XI, itens 1 e 8.
cit. cap. XIV, item 2.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: FEB, 1974. 2, cap. IX, q. 536-b.
XAVIER, Francisco Cândido. Libertação. Pelo Espírito André Luiz. Rio de Janeiro: FEB, 1971. cap. 1.
Evolução em Dois Mundos. Pelo Espírito André Luiz. Rio de Janeiro: FEB, 1977. cap. 1, item Plasma Divino.